sábado, 3 de fevereiro de 2018

A alma de uma sogra

          "A alma de uma sogra" é um cordel de autoria do poeta Zeca Pereira em que narra a passagem de uma sogra para a outra vida e as artimanhas de sua alma azucrinando a pacata vida do pobre genro. Zeca é Baiano, editor de folhetos, lutador pelo reconhecimento do cordel, enquanto gênero literário e organizou recentemente um livro que reuniu mais de 50 poetas contemporâneos.
Mas, o que tem a dizer a alma de uma sogra? Pelo título, e a própria capa do folheto - traços de autoria de Rafael Brito, o leitor já pode prever sobre trata o poema. O gracejo sempre foi um dos grandes filões dessa literatura. Tanto é, que o público que não é muito conhecedor do cordel, principalmente turistas do Sul, ao ver um folheto já dizem "livrinho de historinhas engraçadas". Essa associação do folheto ao riso, ao cômico vem do fato que os grandes sucessos de públicos no passado eram os folhetos de gracejo. A prova disso é que a "Chegada de Lampião no inferno" é ainda muito procurado.
           Nesse folheto "Alma de uma sogra", o peta Zeca Pereira, apoiando-se na cultura popular e no mito acerca das mães das esposas, e também dos esposos, vai construindo, verso a verso, uma narrativa pra lá de gostosa. Você que tem sogra, mesmo sabendo que ela é uma flor de pessoa, quase uma segunda mãe e que gosta de um humor, de uma irreverencia vai encarar numa boa essa brincadeira. Portanto, não deixe de lê essa obra, que tudo tem para se tornar um clássico do humor do cordel contemporâneo. Leia um pouco da obra do poeta de Barreiras, na Bahia e para lê o folheto completo compre diretamente com o autor ou faça seu pedido pelo Email cordelariaflordaserra@gmail.com ou pelo WhatsApp (085)999569091. Enviamos pelo correio.

Se falar em sogra é
Motivo de gozações,
De críticas, até piadas,
Mentiras e discussões;
Neste cordel eu darei
Boas contribuições. 

Eu como já tenho ouvido,
Histórias de todo jeito,
Certa vez escutei esta
Contada por um sujeito,
Sobre a morte duma sogra
E seu enterro mal feito.

Ele disse: — A minha sogra,
Lembro dela quando viva.
Era bem pior que o Demo
Tinha maneira agressiva,
Se cuspisse numa cobra
Matava com a saliva!

Falava de todo mundo
Não respeitava ninguém.
Batia em cara de homem
Pois sabia brigar bem,
Soldado corria dela
E o delegado também.

O seu nome era Maria,
Apelido Marião.
Era alta, bastante forte,
Seis dedos em cada mão.
Infeliz quem procurasse
Com a velha, confusão.

Se chegasse num forró
Logo a festa se acabava,
Pois o cacete comia,
Gente pelo chão rolava.
Todos hospitais enchiam
Nos dias que ela brigava.

Certa vez chegou na feira
Fazendo o maior regaço.
Bateu gente, virou banca,
Levando tudo no braço.
Fez o povo recordar
Lampião, rei do cangaço.

Um dia pegou um cara
Que dizia ser valente.
Em uma troca de socos
Quebrou-lhe dente por dente
Depois fez ele engolir
Meio litro de aguardente.

Um dono de bar ao vê-la
A sua porta fechava
Mas, ela metia o pé,
A porta abria ou quebrava,
Após beber à vontade
Ia embora e não pagava.

Eu fui forçado a casar
Com sua filha tão feia.
Sofrendo grande ameaça
Até de cair na peia,
Menina louca por homem
Ela chora e esperneia.

No dia do casamento
Não apareceu ninguém.
O padre se escafedeu,
Ela olhou e disse: — Bem!
Os dois já estão casados
Na lei de Deus Pai, amém!

Único orgulho que tinha
Ser genro de Marião
Era nenhum vagabundo
Querer me tocar a mão.
E polícia nem pensava
Em me levar à prisão.

Mas agora eu vou falar
Da forma como morreu,
O que passou no velório
E tudo que aconteceu
Com sete dias depois
De enterrar o corpo seu.


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